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Eutanásia no Espiritismo: pode abreviar a vida de um doente?

Eutanásia no Espiritismo

A discussão sobre eutanásia no Espiritismo vai além de questões terrenas.

Na Doutrina Espírita, o assunto é abordado também, do ponto de vista espiritual.

Afinal, como um dos postulados da Codificação de Kardec, prova que a morte não é o fim.

O Espírito continua vivendo em outro plano, enquanto apenas o corpo se esvai.

Além disso, para o Espiritismo, nada acontece por acaso.

No Universo, tudo há uma razão de ser e o tempo certo para as coisas acontecerem, inclusive a morte.

Assim, ao abreviar a partida de um doente, o curso natural da vida na Terra é interrompido.

Isso implica em uma série de consequências não só para quem morre, mas também para quem pratica a eutanásia.

Veremos tudo isso com mais detalhes neste artigo.

Continue acompanhando!

O que é eutanásia?

O que é eutanásia?

O que é eutanásia?

Antes de nos aprofundarmos na visão da Doutrina Espírita, vamos entender o conceito de eutanásia.

A eutanásia é uma prática que consiste em induzir a morte de um doente incurável ou acometido por profunda dor.

O procedimento é rápido e indolor, normalmente realizado com a injeção de uma dose alta de sedativos. É a chamada “Morte Assistida”.

Cabe salientar que, no Brasil, a eutanásia não é permitida em humanos.

Já no mundo afora, onde há legalização, ela costuma ser executada por um profissional de saúde habilitado com ordem expressa do paciente ou de sua família.

Eutanásia no Espiritismo

Eutanásia no Espiritismo

 

Agora, sim, podemos abordar o assunto sob a luz do Espiritismo.

A visão da Doutrina Espírita sobre a eutanásia é bastante clara: não se deve induzir ou antecipar a morte.

Esse posicionamento fica bem evidente em O Livro dos Espíritos:

(Pergunta 953) Quando uma pessoa vê diante de si um fim inevitável e horrível, será culpada se abreviar de alguns instantes os seus sofrimentos, apressando voluntariamente sua morte?

Resposta: “É sempre culpado aquele que não aguarda o termo que Deus lhe marcou para a existência. E quem poderá estar certo de que, malgrado às aparências, esse termo tenha chegado; de que um socorro inesperado não venha no último momento?”

  1. a) – Concebe-se que, nas circunstâncias ordinárias, o suicídio seja condenável; mas, estamos figurando o caso em que a morte é inevitável e em que a vida só é encurtada de alguns instantes.

“É sempre uma falta de resignação e de submissão à vontade do Criador.”

  1. b) – Quais são, nesse caso, as consequências de tal ato?

“Uma expiação proporcionada, como sempre, à gravidade da falta, de acordo com as circunstâncias.”

Em outras palavras, a abreviação da morte é uma desonra às leis divinas, já que fere os propósitos da existência.

Quem atenta contra a própria vida, mesmo para aliviar a dor de uma grave doença, sofre as consequências de seu ato, com base na justiça divina.

Você pode estar se perguntando ainda com relação a outros seres vivos, uma vez que a eles não se aplica a lei de causa e efeito.

Por exemplo, o que diz o Espiritismo sobre a eutanásia em animais?

Saiba que a prática é contrária à vontade de Deus.

A diferença é que os animais não são os responsáveis pelo fim antecipado de suas próprias vidas.

Os fardos da escolha, portanto, recaem sobre o tutor.

Por essa razão, a decisão do tutor de interromper a vida do animal impede que ele cumpra os planos da encarnação.

É permitido abreviar a vida de um doente?

Eutanásia no Espiritismo

Como vimos no início deste artigo, a eutanásia não é permitida no Brasil.

Por aqui, quem comete o ato pode ser penalizado por crime de homicídio ou auxílio ao suicídio.

É importante destacar que essa condenação compete à lei dos homens.

Embora, na lei divina, a eutanásia também não seja permitida e resulte em consequências para o espírito.

Inclusive, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, há uma mensagem de São Luís acerca da legalidade.

O capítulo V item 28, intitulado “Será lícito abreviar a vida de um doente que sofra sem esperança de cura?”, traz a seguinte resposta:

“Quem vos daria o direito de prejulgar os desígnios de Deus? Não pode ele conduzir o homem até a borda do fosso, para daí o retirar, a fim de fazê-lo voltar a si e alimentar idéias diversas das que tinha? Ainda que haja chegado ao último extremo um moribundo, ninguém pode afirmar com segurança que lhe haja soado a hora derradeira. A Ciência não se terá enganado nunca em suas previsões? (…)”.

A necessidade do espírito passar por sofrimentos

A dor e o sofrimento, geralmente, são fardos muito difíceis de suportar.

Por isso, o pensamento de abreviar a vida pode surgir em algum momento.

A questão é que a ideia se baseia nas condições atuais do corpo humano e não considera o que as circunstâncias representam para o espírito.

Os sofrimentos, na verdade, são mecanismos de resgates indispensáveis à evolução espiritual.

É por meio das vicissitudes da vida que os espíritos depuram seus débitos e adiantam seu progresso moral.

Qual a utilidade do tempo que é dado a mais para quem se salva da morte?

Eutanásia Espiritismo

Além da eutanásia, outros termos que aparecem na medicina são distanásia e ortotanásia.

A distanásia é o contrário da eutanásia, ou seja, é a prática de prolongar a vida do paciente em fase terminal.

Costuma-se usar aparelhos e medicamentos para afastá-lo da morte e, assim, proporcionar um período maior para conscientização da situação e até mesmo para despedida dos familiares.

Já o outro conceito, a ortotanásia, é contrário aos procedimentos que atuam na prorrogação da vida e aos recursos que antecipam a morte.

Trata-se, portanto, de uma decisão que apoia a morte natural, que se sucede no momento certo.

Sou dono da minha própria vida?

Você já deve ter escutado alguém dizer que é dono da própria vida, ou até mesmo você já tenha dito isso.

De certo modo, não deixa de ser uma verdade.

Afinal, todos nós temos o livre-arbítrio, que é a capacidade de fazer escolhas independentes.

Mas não podemos nos esquecer de que essa “liberdade” provém de Deus.

Ele é que nos concedeu a possibilidade de agir conforme nossos próprios desejos e decisões. Porém, temos que lembrar que tudo o que realizamos, nos traz uma consequência ou reação de nossas atitudes. E opor-se à vida constitui um ato contra a Lei Divina que é de criação incessante.

Além do mais, é Deus quem proporciona a vida, e somente Ele tem o direito de nos convocar de volta ao plano espiritual.

Por isso, nosso papel é vivenciar o que foi dado, seguindo os ensinamentos cristãos, sem interferir sobre o momento da morte.

Código penal da vida futura – Livro Céu e Inferno

Conforme o livro O Céu e o Inferno, de Allan Kardec, “toda falta cometida, todo mal realizado é uma dívida contraída que deverá ser paga”.

Não há regra absoluta nem uniforme quanto à natureza e duração das consequências, mas se sabe que a expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta.

Além disso, se não for paga em uma existência, pode se estender às seguintes encarnações.

Todas essas características estão descrita no código penal da vida futura, assim como a intensidade da punição para aqueles que incentivam a morte:

“A responsabilidade das faltas é toda pessoal, ninguém sofre por erros alheios, salvo se a eles deu origem, quer provocando-os pelo exemplo, quer não os impedindo quando poderia fazê-lo. Assim, o suicida é sempre punido, mas aquele que por maldade impele outro a cometê-lo, esse sofre ainda maior pena.”

Comunicação de espíritos que sofreram eutanásia – e como eles estão?

Eutanásia no Espiritismo

Há relatos de pessoas que sofreram eutanásia, como a história de Cavalcante, contada por André Luiz no livro Obreiros da Vida Eterna (psicografado por Francisco Cândido Xavier).

Ele narra que o médico aplicou uma dose letal de anestésico em Cavalcante, que o fez morrer rapidamente (isto é, diante dos encarnados).

No plano espiritual, por sua vez, André Luiz relata que “a personalidade desencarnante estava presa ao corpo inerte, em plena consciência e incapaz de qualquer reação”.

A libertação do espírito só foi possível após 20 horas de trabalho árduo da espiritualidade.

Mesmo assim, Cavalcante não estava em condições favoráveis.

Isso mostra que a abreviação da morte pode parecer uma boa ideia para o corpo físico, mas não livra o espírito do sofrimento.

Palestra espírita eutanásia

A eutanásia é um assunto que transcende as discussões no campo da medicina.

O tema também é frequentemente abordado pelos espíritas, afinal, como vimos neste artigo, a prática traz muitas consequências ao espírito de quem induz à morte.

Entre os palestrantes que discorrem sobre a eutanásia está o grande médium Divaldo Franco.

Em uma de suas palestras, ele conta a história de um médico defensor da prática e que mudou de opinião depois.

Assista:

 

Conclusão

Neste artigo, abordamos a visão da Doutrina Espírita sobre a eutanásia.

Conforme estabelece o Espiritismo, a eutanásia não deve ser praticada, uma vez que fere os princípios da Lei Natural e provoca consequências aos espírito de quem tem a morte antecipada.

Além disso, os efeitos dos atos também induzem sobre quem apoia e realiza a eutanásia.

Devemos nos lembrar sempre de que a morte tem hora certa para acontecer, de acordo com os desígnios de Deus, e os sofrimentos pelos quais passamos na Terra são oportunidades para o progresso espiritual.

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