Você sabe qual é a posição sobre a cremação na visão espírita?
Esse é um tema muito interessante, mas que ainda provoca alguma confusão, principalmente entre iniciantes nos estudos da doutrina.
Como há muita desinformação entre a comunidade espírita sobre os efeitos espirituais durante o processo de cremação do corpo e o que acontece com o espírito após a morte, preparamos um conteúdo esclarecedor.
A partir de agora, vamos abordar a cremação na visão espírita com base nas obras da codificação.
Nas próximas linhas, além de desmistificar algumas crenças populares acerca do assunto, você vai poder esclarecer suas dúvidas e conferir respostas oferecidas pela literatura espírita.
Se o tema interessa, não deixe de acompanhar o texto até o final.
Quando a pessoa morre o que acontece com o espírito?
Segundo o Espiritismo, o que acontece após a morte é a continuação da vida espiritual.
Isso porque, de acordo com a doutrina, o corpo físico é o veículo de manifestação do espírito na Terra, e portanto é sujeito às leis da matéria sendo efêmero e de tempo determinado, mas o espírito é eterno e sobrevive à morte do corpo. O Espírito é a causa e não o efeito do corpo.
Nesse sentido, há muitos questionamentos sobre o que acontece depois do desencarne.
Ou seja, para onde vai o espírito após o seu desprendimento da carne.
Como explica Allan Kardec no livro Céu e Inferno, o destino do espírito segue o seu estado de consciência.
Isto é, a sua morada, após a morte do corpo, depende da bagagem que ele carrega pelos atos praticados na Terra.
Cabe acrescentar ainda que as habitações espirituais em que se abrigará, são temporárias.
Ainda que um espírito seja encaminhado para uma dimensão menos elevada após a sua partida, ele pode se regenerar e se transferir para uma região superior, menos densa e mais benfazeja de acordo com a afinidade fluídica e de sua situação moral e espiritual.
Agora, com relação à separação do corpo e do espírito, é importante destacar que eles são ligados por um envoltório fluídico denominado perispírito.
O perispírito, então, se desliga lentamente do corpo físico e cessa a influência do fluido vital que lhe alimentava a vida material, permitindo, dessa forma, a liberdade do espírito que se desprende do corpo mas continua com seu envoltório perispiritual.
Em O Livro dos Espíritos, Kardec esclarece como isso ocorre:
(Pergunta 155): “Como se opera a separação da alma e do corpo?”
Resposta: “Desligando-se os liames que a retinham, ela se desprende”.
(Pergunta 155-a): “A separação se verifica instantaneamente, numa transição brusca? Há uma linha divisória bem marcada entre a vida e a morte?”
Resposta: “Não; a alma se desprende gradualmente e não escapa como um pássaro cativo que fosse libertado. Os dois estados se tocam e se confundem, de maneira que o Espírito se desprende pouco a pouco dos seus liames; estes se soltam e não se rompem”.
Para entender o que é e como funciona o fluido vital, leia o artigo Fluido Vital e Perispírito: o que são os fluidos espirituais, afinal?.
O que é a cremação?
A cremação é uma técnica funerária milenar.
Ela consiste em reduzir um cadáver a cinzas por meio de um processo de incineração.
Essa é uma alternativa ao sepultamento que, além das razões individuais, também pode ter motivação ecológica, já que é um processo térmico controlado, menos prejudicial ao meio ambiente.
A cremação ocorre após o velório e a cerimônia de despedida do falecido.
Como um corpo é cremado?
Antes de o corpo ser cremado, ele fica armazenado em uma câmara fria por, no mínimo, 24 horas, de acordo com as normas legais.
Nesse local, o cadáver é preparado para o processo de cremação.
O corpo é levado a um forno com temperatura entre 1.400 – 1800 °C, onde permanece por cerca de duas a cinco horas.
Finalmente, as cinzas são entregues à família conforme o prazo combinado com o crematório.
Cremação na visão espírita
Há muitos questionamentos sobre cremação e o que diz o Espiritismo, bem como sobre o que os espíritas acham da cremação.
O fato é que a doutrina espírita não aconselha nem se opõe à cremação.
Não há menção ao processo nas obras da codificação espírita.
Contudo, durante entrevista ao programa Pinga Fogo, da extinta TV Tupi, Chico Xavier respondeu uma pergunta sobre o assunto, dizendo:
“Já ouvimos Emmanuel a esse respeito, e ele diz que a cremação é legítima para todos aqueles que a desejem, desde que haja um período de, pelo menos, 72 horas de expectação para a ocorrência em qualquer forno crematório, o que poderá se verificar com o depósito de despojos humanos em ambiente frio”.
Por essa razão, muitos espíritas que optam por essa técnica funerária, solicitam que o corpo fique mais tempo na câmara fria.
Os crematórios, inclusive, atendem a esses pedidos, ainda que a legislação determine o prazo de 24 horas como mínimo.
É válido ressaltar, no entanto, que esse período de espera não é um posicionamento da doutrina espírita, mas, sim, uma recomendação vinda da espiritualidade.
O espírito sente alguma coisa durante a cremação?
Emmanuel abordou esta questão no livro O Consolador, psicografado por Chico Xavier.
Segundo ele:
“Questão 151: O Espírito desencarnado pode sofrer com a cremação dos elementos cadavéricos? – Na cremação, faz-se mister exercer a caridade com os cadáveres, procrastinando por mais horas o ato de destruição das vísceras materiais, pois, de certo modo, existem sempre muitos ecos de sensibilidade entre o espírito desencarnado e o corpo onde se extinguiu o ‘tônus vital’, nas primeiras horas sequentes ao desenlace, em vista dos fluidos orgânicos que ainda solicitam a alma para as sensações da existência material”.
Dito isto, a morte, ou o processo escolhido para a despedida do corpo físico, não apresenta perturbações ao espírito daqueles que têm a sua consciência no bem.
Esse é um assunto, aliás, que cabe uma abordagem mais aprofundada.
Em O Livro dos Espíritos, Kardec fez as seguintes perguntas aos espíritos:
(Pergunta 163): A alma tem consciência de si mesma imediatamente depois de deixar o corpo?
Resposta: “Imediatamente não é bem o termo. A alma passa algum tempo em estado de perturbação.”
(Pergunta 164): A perturbação que se segue à separação da alma e do corpo é do mesmo grau e da mesma duração para todos os Espíritos?
Resposta: “Não; depende da elevação de cada um.”
A perturbação espiritual após a morte tem relação com o modo que o indivíduo viveu na Terra.
Aqueles que eram muito apegados à matéria tendem a sofrer mais com a passagem.
Já as pessoas com maior consciência espiritual logo se libertam da impressão da carne.
Por isso, como explicam os Espíritos, a perturbação após a morte não é penosa para o homem de bem:
(Pergunta 165) O conhecimento do Espiritismo exerce alguma influência sobre a duração, mais ou menos longa, da perturbação?
Resposta: “Influência muito grande, por isso que o Espírito já antecipadamente compreendia a sua situação. Mas, a prática do bem e a consciência pura são o que maior influência exercem.”
O que é melhor ser cremado ou enterrado na visão espírita?
Com a morte de alguém próximo, são muitas as decisões a serem tomadas.
Entre elas, a escolha quanto a sepultar ou cremar o corpo.
Em muitas das vezes, ainda em vida, o indivíduo expressa a sua preferência.
Além disso, não é raro o método ser uma tradição familiar.
Agora, se você está pensando sobre o assunto, com o intuito de orientar a sua família para o momento da sua morte, deve levar em conta apenas questões individuais na sua decisão.
Isso porque o Espiritismo não manifesta nenhuma predileção sobre os processos.
Crenças populares sobre a cremação que o Espiritismo vem esclarecer
É natural que os espíritas se guiem pelas recomendações do Espiritismo.
Entretanto, com relação à cremação, não existe qualquer tipo de sugestão da doutrina.
Não é verdade, por exemplo, que cremar o corpo faz o espírito sofrer ou que o sepultamento é o método preferível.
Além disso, não existem indicações de outros tipos, como sobre o que fazer com as cinzas da cremação, que pode ser uma pergunta inevitável.
Nesse caso, cada pessoa encontra a sua maneira de homenagear o ente desencarnado.
Há quem espalhe as cinzas em lugares que o falecido gostava, opte por jogar no mar, transformar em árvores e até incorporar em cristais.
A perda de uma pessoa querida costuma ser uma fase muito dolorosa.
Por isso, é importante aprender a lidar com a situação de maneira positiva, pois as ações e pensamentos dos que ficam são essenciais para o impulsionar o progresso de quem partiu.
Lembre-se de que o desencarne é algo natural e que o espírito permanece sempre vivo.
Leia o nosso artigo “Como superar o luto e quanto tempo ele dura? Conheça as 7 fases do luto”.
Conclusão sobre a cremação na visão espírita
Recapitulando o que tratamos neste conteúdo, a cremação é um processo que reduz o cadáver a cinzas por um processo de queima.
É uma das alternativas após a desencarnação.
A escolha entre as opções deve ser de caráter individual, ou seja, com base em preferências pessoais.
Isso porque a doutrina espírita não estabelece qualquer orientação sobre cremação ou sepultamento.
Não há registros nas obras da codificação espírita sobre o assunto.
O que o Espiritismo orienta após a morte é que há continuidade da vida espiritual, e aqueles que possuem consciência do bem fazem a passagem com mais leveza.
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