Você já parou para pensar sobre o significado e importância da fé no Espiritismo ou sobre a diferença que existe entre fé raciocinada e fé cega?
Será que, de fato, existe mais de um tipo de fé?
Se esse assunto já foi tema de alguma de suas reflexões, saiba que essas e outras questões serão esclarecidas neste artigo, facilitando ainda mais o entendimento acerca da Doutrina Espírita.
Leia até o final e confira!
Fé raciocinada: o que significa isso?
Muitas pessoas imaginam que a fé e a razão se encontram em locais opostos, e que para crer em Deus e na sua Providência Divina é preciso abrir mão da lógica e do raciocínio matemático ou científico.
No entanto, à luz da Doutrina Espírita, podemos observar que é possível ter fé e, ainda assim, contar com a razão.
Logo, a fé raciocinada, como o próprio nome diz, está em constante contato com a razão. A crença baseada em fatos e testemunhos protege o homem do fanatismo e da alienação mental, propiciando segurança e robustez na certeza e esperança de forma desapaixonada.
Ou seja, ela busca um saber mais amplo, argumenta, se questiona e está em constante atualização, à medida que temos acesso ao conhecimento.
O que é a fé no Espiritismo?
O Espiritismo pratica a fé raciocinada. Possui cinco princípios fundamentais que são: Deus, a Imortalidade da Alma, a Pluralidade das Existência ou Reencarnação, Comunicabilidade dos Espíritos ou Mediunidade e finalmente a Pluralidade dos Mundos Habitados.
Todos estes princípios foram e ainda são fundamentos de muitas religiões, mas somente o Espiritismo trouxe provas de sua credibilidade já que segue a ciência em sua evolução, ou seja, admite a dúvida e convive em harmonia com ela.
Isso significa que é uma fé aberta, sem dogmas ou pontos obscuros, cujo diálogo é fundamental e as opiniões podem ser constantemente aprimoradas.
No entanto, a racionalidade da fé espírita nada tem a ver com o desejo de tornar a doutrina cética ou cientificista.
Pelo contrário, admite a crença nos assuntos dos quais ainda não se pode ter a oportunidade de verificar.
A Doutrina Espírita assume, com a fé raciocinada, que ainda não estamos preparados para ter todas as revelações.
Logo, os espíritas devem estar sempre abertos ao diálogo com os espíritos amigos e com os inúmeros saberes humanos a fim de promover uma fé sempre renovada, evitando a fé cega.
A fé segundo O Livro dos Espíritos
Em O Livro dos Espíritos, Allan Kardec faz inúmeros questionamentos aos médiuns e seus mentores respondem prontamente, promovendo luz à doutrina.
Essas respostas são base para a fé raciocinada, uma vez que médiuns de diferentes países foram instrumento das mesmas respostas, explicitando a incapacidade de ser algo inventado ou combinado.
O Livro dos Espíritos nos traz inúmeros ensinamentos capazes de fortalecer a nossa fé.
Dentre eles, podemos destacar o seguinte:
(Pergunta 922) “A felicidade terrestre é relativa à posição de cada um. O que basta para a felicidade de um, constitui a desgraça de outro. Haverá, contudo, alguma soma de felicidade comum a todos os homens?”
Resposta: “Com relação à vida material, é a posse do necessário. Com relação à vida moral, a consciência tranquila e a fé no futuro.”
Essa passagem é interessante, pois muitos associam a felicidade à fé.
No entanto, a fé raciocinada está mais relacionada à práticas edificantes e à compreensão de que estamos neste plano material aprimorando o nosso espírito através do trabalho no bem, para alcançar planos espirituais superiores.
Fé raciocinada na visão espírita
No item 7 do capítulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo, temos a seguinte passagem que esclarece o conceito de fé raciocinada na visão espírita:
“A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.
A esse resultado conduz o Espiritismo, pelo que triunfa da incredulidade, sempre que não encontra oposição sistemática e interessada.”
Como desenvolvemos a fé raciocinada?
Para desenvolvermos a fé raciocinada é necessário muito estudo e disciplina.
Ainda no item 7 do capítulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo nos alerta que:
“Diz-se vulgarmente que a fé não se prescreve, donde resulta alegar muita gente que não lhe cabe a culpa de não ter fé. Sem dúvida, a fé não se prescreve, nem, o que ainda é mais certo, se impõe. Não; ela se adquire e ninguém há que esteja impedido de possuí-la, mesmo entre os mais refratários. Falamos das verdades espirituais básicas e não de tal ou qual crença particular. Não é à fé que compete procurá-los; a eles é que cumpre ir-lhes ao encontro e, se a buscarem sinceramente, não deixarão de achá-la.”
De acordo com essa passagem, é possível perceber que a fé raciocinada está relacionada à ação de conhecer e praticar a Doutrina Espírita e seus princípios morais baseados na moral do Cristo.
Logo, é necessário estar aberto e disposto ao diálogo e à lapidação moral necessária para a prática do Espiritismo.
Qual a diferença entre fé cega e fé raciocinada?
Em resumo, a fé cega é o oposto da fé raciocinada.
Ou seja, a fé cega se fecha ao diálogo e crê em somente uma maneira de servir ao Criador.
Sendo assim, mesmo que as práticas se tornem obsoletas ou, até mesmo, em alguns casos, absurdas, nada se pode fazer a não ser obedecer sem questionar.
Fé cega na visão espírita
Na visão espírita, a fé cega é aquela que não admite a mudança de opiniões e a lapidação ou aperfeiçoamento da doutrina.
Isso significa que é uma maneira de crer sem estudos, críticas ou questionamentos.
Praticar a fé cega pode abrir precedentes à várias má interpretações, corroborando em atitudes contrárias ao amor e à caridade que é o que agrada ao Criador.
O que é a fé cega?
Ainda de acordo com o item 6 do capítulo XIX de O Evangelho Segundo o Espiritismo, podemos entender a fé cega da seguinte maneira:
“Nada examinando, a fé cega aceita, sem verificação, assim o verdadeiro como o falso, e a cada passo se choca com a evidência e a razão. Levada ao excesso, produz o fanatismo. Assentando no erro, cedo ou tarde desmorona (…)”
Como se caracteriza a fé cega?
A fé cega se caracteriza pela ausência de razão nos ensinamentos e na abertura de espaço para a incredulidade.
Podemos observar essa reflexão na seguinte passagem do item 7 capítulo XIX de O Livro dos Espíritos:
“A fé cega já não é deste século, tanto assim que precisamente o dogma da fé cega é que produz hoje o maior número dos incrédulos, porque ela pretende impor-se, exigindo a abdicação de uma das mais preciosas prerrogativas do homem: o raciocínio e o livre-arbítrio. É principalmente contra essa fé que se levanta o incrédulo, e dela é que se pode, com verdade, dizer que não se prescreve. Não admitindo provas, ela deixa no espírito alguma coisa de vago, que dá nascimento à dúvida.”
Texto espírita sobre fé
O texto a seguir, intitulado Decálogo do Cotidiano, escrito pelo espírito de André Luiz e psicografado pelo médium Chico Xavier, encontra-se no livro Páginas de fé.
Esse texto nos inspira ao citar uma série de ações que são fundamentais para a prática da fé raciocinada:
“1 – Comece o dia acendendo no peito a luz da prece.
2 – Envie aos amigos um pensamento de amor e envolva os desafetos em vibrações de paz.
3 – Verifique a sua agenda e trace as tuas metas para hoje, de modo a não perder tempo.
4 – Estampe no rosto um sorriso fraterno e coloque nos lábios palavras de gentileza.
5 – Não te mostres pessimista, mas não esperes atravessar o dia sem problemas.
6 – Afasta-te da crítica destrutiva, procurando encorajar os companheiros nas lutas em que se empenham.
7 – Olvida os pequeninos aborrecimentos e esforça-te por superar esse ou aquele contratempo, predispondo-te a compreender e perdoar sempre.
8 – Aprende a guardar silêncio para que saibas falar no momento oportuno.
9 – Não deixes passar a oportunidade de fazer o bem a quantos se aproximem dos teus passos.
10 – Confia em Deus e persevera na trilha do dever na certeza de que, haja o que houver, a Misericórdia Divina te sustentará.”
3 histórias espíritas sobre a fé
A seguir, vamos conhecer três histórias espíritas sobre a fé.
1. “História de Fé”
A História de Fé é uma redação do Momento Espírita, com base no artigo Deus e a baronesa.
Conta a história de uma jovem que estava grávida e sem recursos.
Após inúmeras buscas de emprego sem sucesso, decidiu cometer suicídio.
Foi impedida e, ao se arrepender do intento em breve oração, deparou com um anúncio no jornal para o emprego que tanto esperava.
Grata, compreendeu o poder da providência divina e como ela se manifesta nas pequenas coisas.
2. “A Roseira de Dona Amália”
A Roseira de Dona Amália é um conto espírita postado pelo site da Rádio Boa Nova, que conta a reflexão de dona Amália sobre sua trajetória e as situações que fortaleceram sua fé.
O texto faz o paralelo entre a roseira e a personagem que, pela perseverança e fé, permaneceram fortes, mesmo após as situações adversas.
3. “Nícolas, uma história de fé e superação”
Neste conto espírita, publicado no site do Correio Espírita, temos acesso à história de Nícolas.
O garotinho recebeu o diagnóstico de uma grave e rara doença.
No entanto, sob os esclarecimentos da Doutrina Espírita, conseguiu encarar a situação de uma maneira diferente e superá-la.
Palestras espíritas sobre Fé
Assistir a palestras espíritas sobre fé é muito interessante para ampliar nosso conhecimento e inspiração sobre o assunto.
Veja a seguir algumas palestras recomendáveis.
Fé por Haroldo Dutra
As palestras de Haroldo Dutra são extremamente inspiradoras e esclarecedoras no que tange à prática da fé raciocinada sob a luz da Doutrina Espírita.
Fé na visão espírita por Café com Luz
Na palestra Fé na visão espírita por Café com Luz, a convidada Fátima Guimarães explica sobre a fé raciocinada e a fé cega.
É uma palestra muito interessante para que esses conceitos sejam compreendidos e para que a fé raciocinada seja posta em prática.
A função da fé por Divaldo Pereira Franco
Na palestra A função da fé, por Divaldo Pereira Franco, o médium discorre sobre como a fé raciocinada é poderosa e importante para a prática da Doutrina Espírita.
Essas e outras palestras sobre a fé nos auxiliam a compreender sua importância e sua prática correta no cotidiano.
Conclusão
Podemos concluir que a fé no Espiritismo está relacionada a uma prática de constante diálogo e aprimoramento.
Assume-se que há muito a estudar e compreender, logo, há a necessidade de dúvidas e discussões, tornando-a uma fé raciocinada e não uma fé cega, que se torna obsoleta com o tempo.
E então, gostou do nosso artigo? Como você se vê praticando a sua fé? Há algo que deseja melhorar? Deixe um comentário abaixo com a sua história!
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