A mediunidade de cura é uma modalidade mediúnica bastante conhecida e procurada.
Mas é importante que o exercício dela seja baseado nos ensinamentos e princípios da Doutrina Espírita.
Por isso, neste conteúdo, vamos abordar os aspectos relacionados à mediunidade de cura sob a ótica do Espiritismo.
Acompanhe até o final!
Mediunidade de cura: o que é?
Para compreender a mediunidade de cura, o primeiro passo é entender o que é mediunidade no Espiritismo.
Segundo Allan Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo (capítulo XXVIII – Item 9), a mediunidade é o dom concedido ao homem para a comunicação com o mundo dos espíritos:
“Para conhecer as coisas do mundo visível e descobrir os segredos da natureza material, Deus concedeu ao homem a vista corpórea, os sentidos e instrumentos especiais. Com o telescópio, ele mergulha o olhar nas profundezas do Espaço e, com o microscópio, descobriu o mundo dos infinitamente pequenos. Para penetrar no mundo invisível, Deus lhe deu a mediunidade”.
Dito isto, cabe acrescentar que a mediunidade é uma faculdade que não se revela em todos da mesma maneira.
Além da intensidade, que pode ser em maior ou menor grau, há variedade quanto às espécies de manifestações.
Em outras palavras, existem tipos diferentes de mediunidade.
Um deles é a mediunidade de cura.
A mediunidade de cura está relacionada à capacidade que algumas pessoas têm de proporcionar a cura aos encarnados sem o uso de medicações, apenas pelo toque, olhar ou simples gestos.
O que é um médium de cura?
Como descreve Kardec em O Livro dos Médiuns, os médiuns curadores são “os que têm o poder de curar ou de aliviar o doente, pela só imposição das mãos, ou pela prece”.
As pessoas médium, portanto, recebem um dom de Deus, e este presente precisa ser tratado com responsabilidade.
Do contrário, pode ocorrer suspensão e perda da mediunidade, como explicam os Espíritos para Kardec (O Livro dos Médiuns, capítulo XVII – Item 220, 3ª):
“O que mais influi para que assim procedam os bons Espíritos é o uso que o médium faz da sua faculdade. Podemos abandoná-lo, quando dela se serve para coisas frívolas, ou com propósitos ambiciosos; quando se nega a transmitir as nossas palavras, ou os fatos por nós produzidos, aos encarnados que para ele apelam, ou que têm necessidade de ver para se convencerem. Este dom de Deus não é concedido ao médium para seu deleite e, ainda menos, para satisfação de suas ambições, mas para o fim da sua melhora espiritual e para dar a conhecer aos homens a verdade. Se o Espírito verifica que o médium já não corresponde às suas vistas e já não aproveita das instruções nem dos conselhos que lhe dá, afasta-se, em busca de um protegido mais digno.”
Sendo assim, a mediunidade de cura, de forma nenhuma, pode ser explorada com fins lucrativos.
E aí nos alerta o Espírito Emmanuel, pela psicografia de Chico Xavier, no livro O consolador (FEB):
“Questão 95 – Em face dos esforços da Medicina, como devemos considerar a saúde?
– Para o homem da Terra, a saúde pode significar o equilíbrio perfeito dos órgãos materiais; para o plano espiritual, todavia, a saúde é a perfeita harmonia da alma, para obtenção da qual, muitas vezes, há necessidade da contribuição preciosa das moléstias e deficiências transitórias da Terra.”
Assim, em nosso plano evolutivo, saúde é a perfeita harmonia da alma e a doença faz parte do arcabouço de medicamentos para nossa evolução espiritual.
Magnetismo espiritual
O magnetismo espiritual é um fenômeno que possibilita a transferência do fluido vital.
O fluido vital, por sua vez, é o princípio que animaliza a matéria e conecta o espírito ao corpo.
Ou seja, é o que dá vida momentânea à carne. O magnetismo espiritual também está atrelado à cura.
No entanto, a consciência da ação é diferente da praticada pelo médium curador, como esclarece Kardec em O Livro dos Médiuns (capítulo XIV, Item 175):
“Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo. A intervenção de uma potência oculta, que é o que constitui a mediunidade, se faz manifesta, em certas circunstâncias, sobretudo se considerarmos que a maioria das pessoas que podem, com razão, ser qualificadas de médiuns curadores recorre à prece, que é uma verdadeira evocação.”
O magnetizador (quem se utiliza do magnetismo) transfere seu próprio fluido vital para outro indivíduo.
É como se ele doasse um pouco das suas “energias” para um necessitado. Como o fluido é do magnetizador, esse princípio carrega impressões pessoais, como características físicas e morais.
Por isso, quanto mais evoluído é o magnetizador, mais puro é o fluido vital. Já o médium de cura é capaz de manipular e direcionar os fluidos dos espíritos.
Mediunidade de efeitos físicos
A mediunidade de efeitos físicos é definida por Kardec como uma mediunidade que se manifesta por efeitos sensíveis, tais como ruídos, movimentos e deslocamento de corpos sólidos.
Algumas manifestações são espontâneas, ou seja, independem da vontade de quem quer que seja, já outras podem ser provocadas, isto é, são solicitadas pelos encarnados.
Pelas características das curas espirituais, podemos dizer que elas fazem parte da mediunidade de efeitos físicos.
Cirurgia espiritual
A cirurgia espiritual é um dos recursos de cura espiritual. Trata-se de uma operação realizada no corpo perispiritual do indivíduo doente.
Ela é feita por médiuns que canalizam, em sua maioria, médicos desencarnados.
Um dos exemplos mais conhecidos é o de Zé Arigó, um médium brasileiro de nome José Pedro de Freitas, que fazia cirurgias espirituais com a ajuda do Dr. Fritz, um médico alemão desencarnado na Primeira Guerra Mundial.
Zé Arigó praticou mais de quatro milhões de cirurgias espirituais entre as décadas de 50 e 70.
Ele faleceu em 1971, vítima de um acidente rodoviário.
Um livro com a biografia do médium, intitulado Cirurgias Espirituais de José Arigó, foi publicado por Leida Lúcia de Oliveira, que acompanhou de perto o trabalho realizado por ele.
Cirurgia espiritual relatos
Na internet, é possível encontrar diversos relatos de pessoas que se submeteram a cirurgias espirituais e alcançaram a cura para as suas doenças.
Uma delas é o autor Reynaldo Gianecchini, que se curou de um câncer no sistema linfático.
Em entrevista à rede Globo, ele menciona que incluiu a cirurgia espiritual no seu tratamento.
Assista:
Outro relato é a cirurgia realizada pelo espírito Irmã Scheilla ao Divaldo Pereira Franco:
Tratamento espiritual
A cirurgia espiritual, que vimos anteriormente, se enquadra nos tratamentos espirituais, mas a verdade é que esse conjunto terapêutico engloba uma série de ações.
Aplicação de passes, fluidoterapia e desobsessão são alguns exemplos.
O tratamento espiritual tem o objetivo de estabelecer o reequilíbrio espiritual dos atendidos.
E, com isso, prover a solução ou o alívio para problemas e necessidades apresentados.
Aquele que deseje ter uma vida com saúde física e espiritual, que cuide de que sua conduta seja séria, ordeira e moralizada a fim de que não adoeça e não seja perturbado espiritualmente, exercendo:
- Controle de emissões mentais, sentimentos e ações inferiores, por efeito da vontade sabiamente administrada;
- Aperfeiçoamento do conhecimento espírita pela participação em cursos, encontros, seminários e estudo de obras espíritas;
- Adoção do hábito da oração e da meditação;
- Integração em serviço de auxílio ao próximo, exercitando, assim, a prática da caridade;
- Empenho no combate às imperfeições, de acordo com os preceitos do Evangelho e do Espiritismo.
Passe espírita e a cura espiritual
O passe espírita é uma prática bastante comum nos centros espíritas.
Quem já visitou uma casa, sabe bem como funciona.
Pessoas capacitadas se posicionam em frente aos indivíduos e, por meio da imposição das mãos sobre eles, fazem uma transfusão de energias.
O passe espírita tem o intuito de ajudar na recuperação da saúde física, psíquica e emocional dos receptores.
É, na verdade, um instrumento de auxílio.
A cura se dá pelo reajuste do Espírito.
Saiba mais sobre o assunto no artigo Passe Espírita: O Que É, Principais Benefícios e Dúvidas Frequentes.
Água fluidificada (fluidoterapia)
Outra prática habitual dos centros espíritas é a fluidoterapia.
Trata-se da água magnetizada por fluidos.
Uma característica importante a ser mencionada é que a água pode receber os fluidos pela força dos espíritos desencarnados.
Magnetismo espírita
Ou, também, por magnetismo.
Há ainda a fluidificação mista, que combina os fluidos emitidos pelos encarnados e pelos espíritos.
A fluidoterapia faz parte do tratamento espiritual e, dessa forma, serve como recurso terapêutico.
Os fluidos funcionam como medicamentos que agem no restabelecimento do perispírito.
Tratamento espiritual a distância para outra pessoa
O tratamento espiritual também pode ser realizado a distância. Ou seja, as ações terapêuticas são aplicadas para o indivíduo que está em outro local.
Nesse caso, recomenda-se que na hora do tratamento o receptor mantenha-se em silêncio e em prece.
Outra orientação frequente é que um recipiente com água seja colocado ao lado do indivíduo para fluidificação.
A assistência espiritual também pode ser feita através de grupos de oração que têm capacidade de ir até a casa do receptor se for preciso.
Reunião mediúnica
A reunião mediúnica é caracterizada pelo encontro de indivíduos e a presença do exercício ou prática da mediunidade.
Na ocasião, como a comunicação com o mundo espiritual é facilitada pela ação dos médiuns, os espíritos benfeitores são atraídos para ajudar.
Por isso, em reuniões mediúnicas, há abertura para que os presentes escrevam e coloquem em uma urna os nomes de outras pessoas que precisam de auxílio espiritual.
Exemplos de curas realizadas por Jesus e os apóstolos
Na Bíblia, presenciamos histórias de cura realizadas por Jesus e seus apóstolos.
Uma delas é a cura do leproso, em que Jesus estende a mão, toca no homem e, no mesmo instante, a doença desaparece (Mateus 8:1-4, Marcos 1:40-45 e Lucas 5:12-16).
Ou quando Jesus curou um cego de nascença, espalhando uma mistura de terra e saliva nos olhos do homem (João 9:1-12).
Os apóstolos Pedro e João também promoveram a cura de um mendigo coxo de nascença (Atos 3).
Esses e tantos outros relatados no Evangelho são exemplos de curas derivadas da mediunidade de efeitos físicos.
Conclusão
Como vimos neste conteúdo, a mediunidade de cura é a capacidade de curar ou de aliviar o doente pela imposição das mãos ou pela prece.
Essa modalidade mediúnica pertence à mediunidade de efeitos físicos, uma vez que as curas espirituais se dão pela manifestação de efeitos sensíveis.
Cabe salientar que os tratamentos espirituais contemplam uma série de ações que servem de auxílio para o reequilíbrio do espírito, e é isso que promove a solução e o alívio aos doentes e necessitados.
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Caros confrades,
muito obrigada pelo texto tão esclarecedor sobre mediunidade de cura.
Gratidão,
Jocélia
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