Entender a ligação entre clarividência e o Espiritismo é um importante passo nos estudos da Doutrina Espírita.
Além disso, o conhecimento é essencial para qualquer indivíduo que tenha a intenção de compreender o intercâmbio com o mundo espiritual.
Neste artigo, portanto, vamos esclarecer os principais conceitos e trazer exemplos de clarividência que são velhos conhecidos, como o apocalipse de João e as previsões de Nostradamus.
Confira todo esse conteúdo nas próximas linhas!
O que é clarividência no Espiritismo?
Ao buscar clarividência no dicionário, você vai encontrar por definições como “propriedade de clarividente, que vê claramente, com clareza”.
Embora não esteja errado, esse conceito é bastante singelo sob a ótica do Espiritismo.
Isso porque ele não explica o que se vê.
De acordo com a Doutrina Espírita, a clarividência é a capacidade de enxergar o mundo espiritual e aspectos relacionados ao outro plano.
Diferença entre vidente e clarividente
É muito comum a confusão entre videntes e clarividentes.
Para classificá-los corretamente, precisamos compreender qual a diferença entre vidência e clarividência.
A clarividência, como vimos, é a capacidade de enxergar o mundo espiritual, com detalhes de lugares e existências, inclusive futuras.
A vidência, por sua vez, é a habilidade de ver os espíritos.
A principal diferença, portanto, é que o clarividente consegue ter uma visão mais abrangente do plano astral, podendo até mesmo antecipar fatos que estão por vir.
Além disso, os relatos do clarividente se baseiam em suas experiências em outras dimensões, enquanto o vidente costuma trazer relatos transmitidos pelo espírito visto.
Dupla vista: o que é segunda vista no Espiritismo?
Dupla vista e clarividência andam lado a lado.
É fácil entender a ligação entre elas quando compreendemos os conceitos.
A dupla vista, também chamada de segunda vista, trata-se de faculdade anímica, isto é, que opera sem a interferência dos Espíritos.
A caracterização fica mais evidente conforme as explicações de O Livro dos Espíritos:
(Pergunta 447) O fenômeno designado pelo nome de dupla vista tem relação com o sonho e o sonambulismo?
Resposta: “Tudo isso não é mais do que uma mesma coisa. Isso a que chamas dupla vista é ainda o Espírito em maior liberdade, embora o corpo não esteja adormecido. A dupla vista é a vista da alma.”
(Pergunta 453) As pessoas dotadas de dupla vista sempre têm consciência disso?
Resposta: Nem sempre; para elas é coisa inteiramente natural, e muitas dessas pessoas acreditam que se todos se observassem nesse sentido, perceberiam ser como elas.
(Pergunta 454) Poder-se-ia atribuir a uma espécie de dupla vista a perspicácia de certas pessoas que, sem nada terem de extraordinário, julgam as coisas com mais precisão do que as outras?
Resposta: É sempre a alma que irradia mais livremente e julga melhor do que sob o véu da matéria.
a) Esta faculdade pode, em certos casos, dar a presciência das coisas?
Resposta: Sim; ela dá também os pressentimentos, porque há muitos graus desta faculdade e o mesmo indivíduo pode ter todos os graus ou não ter mais do que alguns.
Segundo os Espíritos elucidaram para Kardec, portanto, a dupla vista é a vista da alma, que pode acontecer de forma consciente e inconsciente, e é capaz de permitir as previsões.
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Casos de clarividência
Há diversos relatos de casos de clarividência.
Nos próximos tópicos, abordaremos alguns bastante conhecidos e antigos.
Por ora, podemos destacar um episódio contemporâneo, relacionado à exploração de Júpiter e Mercúrio.
Em 1973, os clarividentes Ingo Swan e Harold Sherman observaram os planetas e relataram suas características.
Somente anos mais tarde, através de sondas espaciais, a ciência confirmou os relatos que haviam sido feitos por meio da clarividência.
Apocalipse de João
Muita gente associa imediatamente a palavra apocalipse a acontecimentos negativos.
Mas a verdade é que essa é uma visão distorcida, já que o termo apenas se refere à revelação. Dessa forma, pode ser relacionada à clarividência.
No Novo Testamento, acompanhamos o apocalipse de João, um dos quatro evangelistas, que escreveu durante o seu exílio na ilha de Patmos.
Naquela época, assim como vivenciava João, as comunidades sofriam com a perseguição dos romanos. Na mensagem, ele fala sobre “as coisas que devem acontecer” e cita o futuro da Igreja.
Em determinado trecho da revelação, é dito: “Portanto, escreve sobre tudo o que tens visto, tanto os eventos que se referem ao presente como aqueles que sucederão depois desses.” (Apocalipse 1:19).
O texto tinha, principalmente, o objetivo de apoiar os cristãos que estavam sendo perseguidos em nome de Cristo, para que não desistissem e continuassem firmes em suas jornadas.
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Previsões de Nostradamus
Nostradamus, cujo nome verdadeiro é Michel de Nostredame, foi um dos clarividentes mais importantes da história, que viveu na Terra entre 1503 e 1566.
Suas visões apareciam frequentemente à noite, enquanto estava dormindo.
O astrólogo e médico francês fez grandes revelações que foram confirmadas quando ainda estava encarnado.
Uma delas foi a morte do rei Henrique II, da França.
Ele mencionou: “O jovem leão vencerá o mais velho. Duas feridas feitas uma, ele morrerá uma morte cruel.”
Henrique II morreu 10 dias depois por uma lança de duas pontas, acertada pelo conde de Montgomery, que era seis anos mais novo do que ele.
Em 1955, Nostradamus também previu a própria morte, da seguinte maneira: “Ele irá até Deus. Familiares, amigos e irmãos de sangue o encontrarão morto perto da cama e do assento”.
Um ano depois, ele foi encontrado morto por familiares em um lugar muito próximo ao descrito.
Após a sua morte, outras revelações continuaram sendo concretizadas, a exemplo da Revolução Francesa, em que disse: “Da população escravizada, canções, enquanto príncipes são mantidos em cativeiro. Estes serão no futuro por idiotas sem cabeça recebidos como orações divinas.”
Como sabemos, entre 1789 e 1799, na França, o povo se rebelou contra a nobreza, sendo a guilhotina o símbolo da revolução.
Essas e outras previsões foram publicadas no livro Centúrias.
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Cuidado com interpretações e perigos com pessoas mal intencionadas
O apocalipse de João, do qual já citamos, é um exemplo clássico de interpretação equivocada.
O texto costuma ser alvo frequente de deturpação.
É fato que as descrições apostólicas costumam abordar questões obscuras, mas não é motivo para distorção dos fatos.
Infelizmente, há pessoas que utilizam as revelações para fazer associações alarmistas e terroristas sobre possíveis tragédias e catástrofes.
Devemos, portanto, tomar cuidado com as perspectivas que são geradas a partir de visões individuais.
Além de uma falha na interpretação, algumas previsões podem ser transmitidas com má intenção.
Há ainda os médiuns que não fazem bom uso de suas faculdades, e acabam sendo objeto de espíritos inferiores.
Esses espíritos, inclusive, são capazes de praticar a ludibriação, como explica Kardec em O Livro dos Médiuns:
“Dir-se-á, sem dúvida, que, se um Espírito pode imitar uma assinatura, também pode perfeitamente imitar a linguagem. É exato; alguns temos visto tomar atrevidamente o nome do Cristo e, para impingirem a mistificação, simulavam o estilo evangélico (…)”.
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Sonhos e a emancipação da alma
O termo apareceu pela primeira vez em O Livro dos Espíritos, mais especificamente no capítulo sobre emancipação da alma, Questão de nº 402:
“Os sonhos são efeito da emancipação da alma, que mais independente se torna pela suspensão da vida ativa e de relação. Daí uma espécie de clarividência indefinida que se alonga até aos mais afastados lugares e até mesmo a outros mundos. Daí também a lembrança que traz à memória acontecimentos da precedente existência ou das existências anteriores. As singulares imagens do que se passa ou se passou em mundos desconhecidos, entremeados de coisas do mundo atual, é que formam esses conjuntos estranhos e confusos, que nenhum sentido ou ligação parecem ter.”
Perceba que, segundo Kardec, a visão não se dá propriamente pelos olhos.
É o espírito que vê, mesmo enquanto o corpo adormece.
Além disso, ele traz lembranças de vidas passadas e de acontecimentos atuais e futuros da existência presente.
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Conclusão
Como vimos neste artigo, a clarividência é a capacidade de enxergar o mundo espiritual e aspectos relacionados ao outro plano.
Ela permite ainda receber informações de acontecimentos futuros.
O indivíduo dotado dessa habilidade recebe o nome de clarividente.
É importante não confundir com o vidente, que é o médium que vê espíritos.
Embora Allan Kardec tenha se dirigido ao fenômeno em O Livro dos Espíritos, tornando-o conhecido, a clarividência é remota.
Trouxemos os exemplos de João, um dos quatro evangelistas de Cristo, e do astrólogo e médico francês Nostradamus.
Para completar, abordamos também a dupla vista, considerada “a visão da alma”, uma faculdade anímica que opera sem a interferência dos Espíritos.
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