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Véu do esquecimento segundo o Espiritismo e sua finalidade

veu do esquecimento

O véu do esquecimento figura entre os conceitos importantes do Espiritismo.

Isso porque ele tem relação com um dos princípios fundamentais da Doutrina Espírita: a reencarnação.

Neste artigo, você vai entender o que é e para que serve o véu do esquecimento.

Acompanhe!

Véu do esquecimento: o que é?

Véu do esquecimento o que é?

A palavra véu, embora seja usada para designar um tecido transparente, em geral de renda, também é aplicada no sentido figurado como algo para cobrir ou esconder alguma coisa.

Esse mesmo objetivo também é compartilhado pelo véu do esquecimento.

No Espiritismo, véu do esquecimento é o nome dado à barreira que nos impede de ter lembranças das nossas encarnações anteriores.

Em O Livro dos Espíritos (Nota da Questão 399), Allan Kardec explica que “ao entrar na vida corporal, o Espírito perde, momen­taneamente, a lembrança de suas existências anteriores, como se um véu as ocultasse (…)”.

Esquecimento do passado, Evangelho segundo o Espiritismo

Esquecimento do passado, Evangelho segundo o Espiritismo

Assim como em O Livro dos Espíritos, o véu do esquecimento é retratado em O Evangelho Segundo o Espiritismo, segunda obra fundamental da codificação espírita.

Allan Kardec, inclusive, dedica uma parte especialmente no capítulo V – Bem-aventurados os aflitos para tratar do esquecimento do passado.

De acordo com o item 11 o texto esclarece que, Deus lança o véu por razões favoráveis, sendo que o esquecimento do passado ocorre somente durante a vida corpórea:

“Volvendo à vida espiritual, readquire o Espírito a lembrança do passado; nada mais há, portanto, do que uma interrupção temporária, semelhante à que se dá na vida terrestre durante o sono, a qual não obsta a que, no dia seguinte, nos recordemos do que tenhamos feito na véspera e nos dias precedentes.”

E qual seria a finalidade desse esquecimento?

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Ainda em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Kardec explica que o véu é lançado sobre nós para que possamos aproveitar a nova existência da melhor maneira.

Afinal de contas, o espírito quase sempre renasce no mesmo meio em que já viveu, com o objetivo de reparar as falhas do passado, sobretudo praticadas contra aqueles com quem conviveu.

Sem saber dos erros já cometidos ou do mal que já lhe foi feito, tem mais chances de atingir o seu propósito.

É, portanto, um novo ponto de partida para o progresso moral, cuja total concentração se objetiva na atual encarnação.

Vidas passadas no Espiritismo

A reencarnação é um dos princípios básicos do Espiritismo.

Trata-se da volta do espírito em outro corpo. Segundo a Doutrina Espírita, o espírito é eterno, enquanto a carne é apenas um instrumento para a experiência terrena.

Após a morte do corpo físico, o espírito retorna ao plano espiritual e aguarda uma nova chance de retornar à Terra.

Nós podemos reencarnar várias vezes e em mundos distintos, de acordo com o grau de adiantamento adquirido.

A cada nova vida, o espírito tem a oportunidade de progredir.

Assim, podemos dizer que a reencarnação é mais do que uma necessidade.

Ela é um presente entregue ao espírito.

Por que o espírito encarnado perde a lembrança do seu passado?

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Esta mesma pergunta foi feita por Kardec e respondida pelos espíritos em O Livro dos Espíritos:

(Pergunta 392) Por que o Espírito encarnado perde a lembrança do passado?

Resposta: “O homem nem pode nem deve saber tudo; Deus assim o quer, na sua sabedoria. Sem o véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria ofuscado, como aquele que passa sem transição da obscuridade para a luz. Pelo esquecimento do passado ele é mais ele mesmo.”

A partir do que disseram os espíritos, fica fácil entender que a revelação do passado não contribuiria ao espírito da mesma forma que seu esquecimento.

A sabedoria afetaria nossa percepção, criando preconceitos sobre pessoas ou situações.

Além disso, cabe dizer que Deus criou tudo com perfeição e toda decisão Dele é inteligente e precisa para o nosso aprimoramento.

Importância do véu do esquecimento

A essa altura, você já deve ter uma boa percepção da importância do véu do esquecimento, não é mesmo?

Como vimos, é pelo esquecimento que o indivíduo se torna mais dono de si.

Assim, o véu do esquecimento se faz necessário para que o espírito não carregue lembranças do passado que possam interferir em sua jornada.

3 textos espíritas sobre o esquecimento do passado

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Além da menção nas obras fundamentais do Espiritismo, o esquecimento do passado também é retratado em outros livros que compõem a literatura, como:

  1. O QUE É O ESPIRITISMO, de Allan Kardec

    “O esquecimento temporário é um benefício da Providência. A experiência, frequentemente, é adquirida em rudes provas e terríveis expiações, cuja lembrança seria muito penosa e viria aumentar as angústias das tribulações da vida presente. Se os sofrimentos da vida parecem longos, que seriam, pois, se sua duração fosse aumentada com as lembranças dos sofrimentos do passado? Vós, por exemplo, que haveis suportado por faltas que, atualmente, repugnariam a vossa consciência; ser-vos-ia agradável lembrar de ter sido enforcado por isso? A vergonha não vos perseguiria imaginando que o mundo sabe do mal que haveis feito? Que importa o que haveis podido fazer, e o que haveis podido suportar para expiar, se agora sois um homem estimável? Aos olhos do mundo sois um homem novo, e aos olhos de Deus um Espírito reabilitado. Livre da lembrança de um passado importuno, agireis com mais liberdade; é para vós um novo ponto de partida; vossas dívidas anteriores estão pagas, cabendo-vos não contrair novas dívidas (…).”

  2. NO MUNDO MAIOR, de Chico Xavier, pelo espírito André Luiz

    “(…) Em verdade, não há total esquecimento na Crosta Terrestre, nem restauração imediata da memória nas províncias de existência, que se seguem, naturais, ao campo da atividade física. Todos os homens conservam tendências e faculdades, que quase equivalem a efetiva lembrança do passado; e nem todos, ao atravessarem o sepulcro, podem readquirir, repentinamente, o patrimônio de suas reminiscências. Quem demasiado se materialize, demorando-se em baixo padrão vibratório, no campo de matéria densa, não pode reacender, de pronto, a luz da memória. Despenderá tempo a desfazer-se dos pesados envoltórios a que inadvertidamente se prendeu. Dentro da luta humana, também, é indispensável que os neurônios se façam de luvas, mais ou menos espessas, a fim de que o fluxo das recordações não modere o esforço edificante da alma encarnada, empenhada em nobres objetivos de evolução ou resgate, aprimoramento ou ministério sublime. Importa reconhecer, porém, que a nossa mente aqui, no plano espiritual, age no organismo perispirítico, com poderes muito mais extensos, mercê da singular natureza e elasticidade da matéria que presentemente nos define a forma (…).”

  3. ENTRE A TERRA E O CÉU, de Chico Xavier, pelo espírito André Luiz

    “(…) – Porque não guardamos a viva recordação de nossas existências anteriores? Não seria bendita felicidade o reencontro consciente com aqueles que mais amamos?…

    – Sim, sim… – confirmava Clarêncio, enquanto nossa deliciosa excursão prosseguia, célere –, mas, na condição espiritual em que ainda nos situamos, não sabemos orientar os nossos desejos para o melhor. Nosso amor ainda é insignificante migalha de luz, sepultada nas trevas do nosso egoísmo, qual ouro que se acolhe no chão, em porções infinitesimais, no corpo gigantesco da escória. Assim como as fibras do cérebro são as últimas a se consolidarem no veículo físico em que encarnamos na Terra, a memória perfeita é o derradeiro altar que instalamos, em definitivo, no templo de nossa alma, que, no Planeta, ainda se encontra em fases iniciais de desenvolvimento. É por isso que nossas recordações são fragmentárias (…).”

Esquecimento do passado por Emmanuel

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Emmanuel também compartilhou seu conhecimento sobre o tema no livro que carrega o seu nome, psicografado por Chico Xavier.

Na obra, ele explica:

“Na existência corporal, todavia, a alma sente a memória obscurecida, num olvido quase total do passado, a fim de que os seus esforços se valorizem; a consciência então é fragmentária, parcial, porquanto as suas faculdades estão eclipsadas pelos pesados véus da matéria, os quais atenuam ao mínimo as suas vibrações, constituindo, porém, esses poderes prodigiosos, mas ocultos, as extraordinárias possibilidades da vasta subconsciência, que os cientistas do século estudam acuradamente.

Tais forças e progressos adquiridos, o Espírito jamais os perde; são parte integrante do seu patrimônio e, na vida material, podem emergir no exercício da mediunidade, nas hipnoses profundas, ou em outras circunstâncias que facilitam o desprendimento temporário dos elementos psíquicos.”

Devemos “descortinar” o véu do esquecimento? Quando isso acontece?

No trecho extraído do livro No Mundo Maior, de Chico Xavier, vemos o espírito André Luiz afirmar que “não há total esquecimento na Crosta Terrestre”.

Emmanuel, em sua primeira obra por Chico Xavier, também destaca que “a alma sente a memória obscurecida, num olvido quase total do passado, a fim de que os seus esforços se valorizem”.

Por essas mensagens, entendemos que há formas de reconhecermos acontecimentos do passado.

Essas formas costumam ser as provas pelas quais passamos, conforme O Livro dos Espíritos:

(Pergunta 399) Sendo as vicissitudes da vida corporal expiação das faltas do passado e, ao mesmo tempo, provas com vistas ao futuro, seguir-se-á que da natureza de tais vicissitudes se possa deduzir de que gênero foi a existência anterior?

Resposta: “Muito amiúde é isso possível, pois que cada um é punido naquilo por onde pecou. Entretanto, não há que tirar daí uma regra absoluta. As tendências instintivas constituem indício mais seguro, visto que as provas por que passa o Espírito o são, tanto pelo que respeita ao passado, quanto pelo que toca ao futuro.”

Palestra espírita: esquecimento do passado

Além dos livros, o esquecimento do passado também é tema de palestras espíritas.

Confira duas delas:

Retorno do Espírito à vida corporal: esquecimento do passado

Nesta palestra, Simão Pedro de Lima fala sobre como se dá a volta do espírito ao novo corpo.

Assista:

Esquecimento do Passado | Espiritismo sem Mistério

No programa Espiritismo sem Mistério, Pollyana Pinheiro e a Irmã Eliana respondem a pergunta sobre quais seriam os benefícios de ter lembranças de vidas passadas com base nas obras espíritas.

Assista:

Conclusão

Como vimos neste artigo, o véu do esquecimento se encarrega de apagar temporariamente as nossas memórias de vidas passadas para que possamos fazer da atual existência uma oportunidade de crescimento.

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