Para o Espiritismo, há duas espécies de família: a família espiritual e a família corporal.
Entender as características de cada tipo e a diferença entre eles é essencial para compreender os nossos laços e encontrar as respostas que tanto procuramos.
É bem provável que você já tenha se questionado sobre a sua família, certo?
Pois saiba que a Doutrina Espírita explica a escolha e mesmo a ligação dos membros.
Quer saber mais sobre o assunto?
Continue acompanhando este conteúdo que preparamos até o final.
Conceito de família espiritual na visão do Espiritismo
O dicionário define a família como um grupo de pessoas com ancestralidade em comum ou que vivem sob o mesmo teto.
A palavra espiritual, por sua vez, refere-se à natureza do Espírito.
Somando os dois significados, formamos a ideia de que a família espiritual é um grupo de pessoas que se une de modo imaterial.
Uma definição não tão precisa, certo?
Contudo, abre as portas para um caminho de compreensão que o Espiritismo ajuda a concretizar.
No livro Entre a Terra e o Céu, do espírito André Luiz, psicografado por Chico Xavier, a família espiritual é definida como “uma constelação de Inteligências, cujos membros estão na Terra e nos Céus.”
Em outras palavras, a família espiritual é formada por espíritos simpáticos que se conectam pelos laços do amor, podendo ter parentesco corporal e espiritual, de acordo com o Espiritismo.
Família corporal/consanguínea x Família espiritual
No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec menciona que existem dois tipos de famílias:
“Há, pois, duas espécies de famílias: as famílias pelos laços espirituais e as famílias pelos laços corporais. Duráveis, as primeiras se fortalecem pela purificação e se perpetuam no mundo dos Espíritos, através das várias migrações da alma; as segundas, frágeis como a matéria, se extinguem com o tempo e muitas vezes se dissolvem moralmente, já na existência atual (…)”.
A família espiritual, como vimos, é ligada pelo laço do Espírito, que não se perde com a morte ou mesmo durante a vida na Terra.
Já a família corporal, por sua vez, é ligada apenas pelo laço consanguíneo.
Por essa razão, a união entre os membros é frágil e fácil de ser desfeita.
Afinidade espiritual
O universo é regido pela Lei da Afinidade.
Segundo esse princípio, nós somos atraídos por desejos, vibrações e aspirações semelhantes.
Nesse sentido, é comum, por exemplo, que muitas pessoas se sintam mais próximas a amigos do que a familiares.
Em O Livro dos Espíritos, a afinidade espiritual fica inteligível quando Kardec questiona os Espíritos sobre como as pessoas se afeiçoam às outras:
(Pergunta 484) “Os Espíritos se afeiçoam de preferência por certas pessoas?”
Resposta: “Os bons Espíritos simpatizam com os homens de bem, ou suscetíveis de se melhorarem; os Espíritos inferiores com os homens viciosos ou que possam vir a sê-los. Daí sua afeição, por causa da semelhança das sensações.”
Cabe acrescentar, desse modo, que os espíritos que vibram em baixa sintonia também se ligam pela energia.
Provas e Missões em família
A vida no corpo físico tem o propósito do aprimoramento moral.
Para que o nosso progresso aconteça, somos submetidos a provas e expiações.
As provas são como desafios, enquanto as expiações são espécies de castigos pelas faltas cometidas, sejam na encarnação atual ou em vidas passadas.
Há diferentes naturezas de provas e expiações, que são combinadas no planejamento reencarnatório.
Algumas delas estão relacionadas à família.
Joanna de Ângelis, guia espiritual de Divaldo Franco, aborda essa questão no livro Constelação Familiar, psicografado pelo médium.
Certas vicissitudes parecem acometer apenas um membro do lar, mas, na verdade, afetam toda a constelação familiar.
É o caso de doenças degenerativas e distúrbios mentais graves, por exemplo.
São situações nas quais o sofrimento não pertence somente ao padecente, mas a todos que estão à sua volta.
E quando isso acontece, é importante que a família se una para lidar com as vicissitudes, encarando a situação como uma grande lição.
Afinal, a dor se apresenta como mecanismo evolutivo.
Espiritismo relacionamentos difíceis na família
Os conflitos familiares são comuns, como você sabe.
No entanto, em alguns casos, os relacionamentos podem ultrapassar os limites da natureza da convivência.
Há eventos de irmãos que não se dão bem, brigas entre casais, e até pais e filhos que encontram muitas barreiras no convívio.
Essa dificuldade nos relacionamentos tem justificativa quando entendemos a formação das famílias, conforme O Evangelho Segundo o Espiritismo:
“Os Espíritos que se encarnam numa mesma família, sobretudo como parentes próximos, são os mais frequentemente Espíritos simpáticos, ligados por relações anteriores, que se traduzem pela afeição durante a vida terrena. Mas pode ainda acontecer que esses Espíritos sejam completamente estranhos uns para os outros, separados por antipatias igualmente anteriores, que se traduzem também por seu antagonismo na Terra, a fim de lhes servir de prova.”
Como esclareceu Kardec, nem sempre uma família é formada por espíritos simpáticos.
Muitas vezes, os espíritos se encontram e se ligam na encarnação atual para reparar débitos do passado.
Pais e filhos segundo o Espiritismo
Como vimos no tópico anterior deste texto, os membros da família podem se unir pela afeição, em virtude de relações anteriores, mas também podem ser ligados pelo antagonismo.
No caso de pais e filhos, é bastante comum que eles se unam por fortes laços do passado.
Essa conexão na atual reencarnação pode ser, inclusive, uma oportunidade de reparação.
Ou seja, uma chance de reajustar a harmonia entre espíritos.
Cabe acrescentar que a paternidade e a maternidade são tarefas sublimes.
Assumir a missão de guiar outro espírito pela vida terrena é de grande responsabilidade.
Todas essas escolhas e decisões fazem parte do caminho evolutivo.
Reencarnação e os Laços de Família
De acordo com O Evangelho Segundo o Espiritismo:
“Os laços de família não sofrem destruição alguma com a reencarnação, como pensam certas pessoas. Ao contrário, tornam-se mais fortalecidos e apertados. O princípio oposto, sim, os destrói.”
A cada existência, esses espíritos são capazes de subir um degrau na escada da evolução.
Isso porque, ao se unirem novamente na Terra, têm a chance de reparar falhas do passado.
O médium Divaldo Franco presenciou um desses casos em sua própria família.
Sua irmã, conhecida como Tia Dete, viveu um intenso conflito com o pai nesta encarnação.
Em outra vida, ela havia sido sua amante e vítima. Antes de desencarnar, ele pediu perdão à filha.
Por que nascemos nesta família?
Nada no Universo é por acaso.
Afinal, ele é baseado na Lei de Causa e Efeito.
Dessa forma, até a nossa família tem uma razão de ser.
Ainda que as lembranças das reencarnações passadas não sejam carregadas na vida atual, sabemos que tudo é combinado no nosso plano reencarnatório.
Nascemos em nossa família porque temos que aprender com ela e aproveitar a oportunidade para buscar a evolução.
Além disso, é válido destacar que a família é o primeiro grupo de convívio de todo indivíduo.
O que se aprende no relacionamento familiar é refletido em todos os outros relacionamentos.
A família é exemplo de como tratar e amar o próximo fora do lar.
Conclusão
Após ler este conteúdo, é provável que você tenha pensado na sua família e nos laços que os unem.
Ainda que não seja possível ter certeza da ligação existente entre você e os membros da sua família, uma coisa é certa: as pessoas do seu convívio não são mera coincidência.
Se elas estão no seu caminho é por uma razão.
Tire o máximo proveito da oportunidade para aprender e progredir.
E lembre-se sempre de que a família espiritual é durável e a ligação permanece mesmo após a reencarnação.
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