Os elementais da natureza são tratados, sob diferentes visões, como seres fantásticos.
Mas será que essa também é a ótica do Espiritismo?
Há mesmo espíritos com atribuições especiais que podem ser considerados como divindades?
Neste artigo, abordaremos a perspectiva da Doutrina Espírita com base nas obras essenciais de Allan Kardec.
Acompanhe até o final!
Elementais da natureza: o que são?
Os elementais da natureza também são conhecidos como espíritos da natureza.
São seres, Espíritos nas fases iniciais de evolução, criados por Deus, que auxiliam em diversas tarefas no Universo. Aprendem inicialmente a manipular a matéria para depois se desenvolverem moralmente.
Conforme citado em O Livro dos Espíritos, no Capítulo IX – Parte Segunda: Ação dos Espíritos nos fenômenos da Natureza (Questões 536 a 540), eles não pertencem exclusivamente à ordem de espíritos superiores, como explicam os espíritos indagados por Kardec:
“Segundo o seu papel for mais ou menos material ou inteligente; uns mandam, outros executam; os que executam as coisas materiais são sempre de uma ordem inferior, entre os Espíritos como entre os homens.”
Esses agentes se localizam em todos os graus da escala dos mundos.
Influência dos espíritos nos fenômenos da natureza
Os elementais exercem enorme influência nos fenômenos da natureza. Eles realizam trabalhos próximos aos minerais, vegetais, animais e aos homens, é claro.
Para entender a influência dos espíritos na natureza, vamos recorrer à obra O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:
(Pergunta 536) Os grandes fenômenos da Natureza, os que se consideram como perturbação dos elementos, são devido a causas fortuitas ou todos eles têm um fim providencial?
Resposta: Tudo tem uma razão de ser e nada acontece sem a permissão de Deus.
(Complemento da pergunta) Esses fenômenos sempre têm o homem por objeto?
Resposta: Algumas vezes eles têm o homem como razão imediata de ser. Na maioria dos casos, entretanto, têm por único objetivo o restabelecimento do equilíbrio e da harmonia das forças físicas da Natureza.
(Complemento da pergunta) Concebemos perfeitamente que a vontade de Deus seja a causa primária, nisto como em todas as coisas. Porém, sabendo que os Espíritos têm ação sobre a matéria e que são os agentes da vontade de Deus, perguntamos se alguns dentre eles não exerceriam certa influência sobre os elementos para os agitar, acalmar ou dirigir?
Resposta: Evidentemente; e nem poderia ser de outro modo. Deus não exerce ação direta sobre a matéria. Ele tem agentes dedicados em todos os graus da escala dos mundos.
(Pergunta 540) Os Espíritos que exercem ação nos fenômenos da Natureza agem com conhecimento de causa, em virtude do livre-arbítrio, ou por impulso instintivo e irrefletido?
Resposta: Uns sim, outros não. Façamos uma comparação. Figurai essas miríades de animais que, pouco a pouco, fazem emergir do mar ilhas e arquipélagos.
Acreditais que não haja aí um fim providencial à harmonia geral? Entretanto, são animais do último grau que realizam essas coisas, provendo às suas necessidades e sem suspeitarem de que são instrumentos de Deus. Pois bem! Do mesmo modo, os Espíritos mais atrasados são úteis ao conjunto.
Enquanto se ensaiam para a vida, antes que tenham plena consciência de seus atos de seu livre-arbítrio, atuam em certos fenômenos, dos quais são agentes, mesmo de forma inconsciente.
Primeiramente, executam; mais tarde, quando suas inteligências estiverem mais desenvolvidas, comandarão e dirigirão as coisas do mundo material; mais tarde ainda, poderão dirigir as do mundo moral.
É assim que tudo serve, tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou pelo átomo. Admirável lei de harmonia, da qual o vosso Espírito limitado ainda não pode abranger o conjunto.
Os esclarecimentos dos espíritos na primeira obra fundamental da Doutrina Espírita não são detalhados sobre o que, de fato, é influenciado pelos elementais da natureza.
No entanto, são transparentes quanto à capacidade de ação desses espíritos.
Relação de Deus e a natureza
Na pergunta 540 de O Livro dos Espíritos, descrita no tópico anterior, fica explícito que os elementais da natureza são instrumentos de Deus.
Esses intermediários agem, mesmo que inconscientemente, sobre diversos aspectos da natureza.
Ou seja, eles obedecem aos desejos do Divino.
Essa relação entre Deus e a natureza também fica evidente em outros trechos de O Livro dos Espíritos, como na pergunta de número 604:
“Ficai certos de que Deus não pode contradizer-se e de que, na natureza, tudo se harmoniza por meio de leis gerais que jamais se afastam da sublime sabedoria do Criador.”
A verdade é que a criação é perfeita.
Basta pensar no ar e na água, que são essenciais à nossa vida, nos animais que auxiliam em várias tarefas e nos vegetais que nos servem de alimento.
Fluido Cósmico Universal e a natureza
A natureza advém da ação dos espíritos no fluido cósmico universal. Esse fluido é o elemento geral do Universo que possibilita a origem de inúmeros elementos e compostos materiais.
Em outros termos, é a fonte geradora do mundo e de habitação dos seres.
É válido destacar que a criação deu forma aos seres orgânicos e inorgânicos, como explica Kardec em O Livro dos Espíritos:
“Os seres orgânicos são os que têm em si uma fonte de atividade íntima que lhes dá a vida. Nascem, crescem, reproduzem-se por si mesmos e morrem. São providos de órgãos especiais para a execução dos diferentes atos da vida, órgãos esses apropriados às necessidades que a conservação própria lhes impõe. Nessa classe estão compreendidos os homens, os animais e as plantas. Seres inorgânicos são todos os que carecem de vitalidade, de movimentos próprios e que se formam apenas pela agregação da matéria. Tais são os minerais, a água, o ar, etc.”
A grande diferença entre as classes, portanto, é que nos corpos orgânicos a energia está animalizada pelo princípio vital.
Para saber mais sobre o assunto, leia o artigo “Fluido Vital e Perispírito: o que são os fluidos espirituais, afinal?”.
As leis da natureza
Todas as leis da natureza pertencem à lei divina. Afinal, são leis criadas por Deus que, por sua vez, é a causa primária de todas as coisas.
A lei divina, que também é chamada de lei natural, abrange todas as circunstâncias da vida.
E, assim como foi elaborada por Deus, é perfeita e eterna.
A lei natural se desdobra em várias leis, como lei de adoração, lei do trabalho, lei de reprodução, lei de conservação, lei de destruição, lei de sociedade, lei de progresso, lei de igualdade, lei de liberdade e lei de justiça, amor e caridade.
Como respondem os Espíritos na pergunta 618 de O Livro dos Espíritos, “a razão nos diz que elas (leis divinas) devem ser apropriadas à natureza de cada mundo e proporcionais ao grau de adiantamento dos seres que os habitam”.
Citações de livros e romances x Obras básicas da doutrina espírita
Há muitos livros, sobretudo romances, que abordam os elementais da natureza. Devido ao gênero literário, acabam sendo utilizados sentidos figurados para descrever esses espíritos criados por Deus.
Nesse sentido, é imprescindível dispor de muito discernimento em relação à interpretação.
O cuidado na leitura é trivial para não tomar a escrita como fatos e exemplos doutrinários.
As informações de que temos ciência estão destacadas nas obras básicas do Espiritismo, ou seja, nos livros da codificação espírita de Allan Kardec.
Pura imaginação: gnomos, duendes e seres fantásticos
Os elementais da natureza são popularmente classificados em Gnomos, Duendes, Silfos, Ondinas, Salamandras, Devas, Fadas, Elfos, Gênio, Djins e Faunos.
Essa representação deriva da mitologia dos antigos, que afirma que os seres são encarregados dos quatro elementos: terra, água, fogo e mar.
Contudo, em O Livro dos Espíritos (Questão nº 537), os espíritos explicam que essa crença é “tão pouco destituída de fundamento que ainda está muito aquém da verdade”.
Ainda sobre a influência dos Espíritos nos acontecimentos da vida e as lendas:
(Pergunta 529) Que se deve pensar das balas encantadas, de que falam algumas lendas e que fatalmente atingem o alvo?
Resposta: “Pura imaginação. O homem gosta do maravilhoso e não se contenta com as maravilhas da Natureza.”
a) – Podem os Espíritos que dirigem os acontecimentos terrenos ter obstada sua ação por Espíritos que queiram o contrário?
“O que Deus quer se executa. Se houver demora na execução, ou lhe surjam obstáculos, é porque Ele assim o quis.”
O fato é que não precisamos saber de tudo, tampouco essa a intenção de Deus revelar cada detalhe da sua obra.
Só devemos confiar e admirar a sua criação. Um dia, quando for o momento certo, a explicação de todos esses fatos nos será dada.
Conclusão
Recapitulando o que vimos neste artigo, os elementais da natureza são seres criados para desempenhar diversas tarefas no Universo.
Eles são responsáveis, inclusive, por muitos fenômenos que ocorrem na natureza.
Tudo isso faz parte da lei natural de Deus, isto é, uma espécie de código divino que rege os aspectos universais.
Segundo o Espiritismo, com base nas obras básicas de Allan Kardec, ainda não compreendemos com exatidão quem são e como atuam esses espíritos da natureza.
Entretanto, essa sabedoria é irrelevante diante da perfeição que é a criação divina.
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