Dentre as famosas parábolas de Jesus está a dos Trabalhadores da Última Hora ou, como também é conhecida, A Parábola da Vinha.
Além de transmitir uma bela mensagem sobre a bondade de Deus, a parábola também é uma reflexão à missão espírita.
Por isso, neste conteúdo, vamos entender a visão do Espiritismo sobre a passagem bíblica e as abordagens de O Evangelho Segundo o Espiritismo acerca do assunto.
Acompanhe a seguir!
Trabalhadores da última hora: reflexão espírita
A Parábola dos Trabalhadores de Última Hora é retratada em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo XX.
A história nos lembra de que todos somos convidados a trabalhar no reino de Deus e, independentemente do momento em que aceitamos o convite, somos recompensados.
Isto é, Deus sempre nos chama para o trabalho edificante e à prática do bem, mas nem sempre respondemos com prontidão e com boa vontade às tarefas que nos são confiadas.
Nossa meta é a evolução espiritual e, enquanto alguns estão sempre dispostos a alcançá-la, outros postergam e demoram demais para despertar para seu trabalho de purificação espiritual.
E, mesmo aqueles que levam mais tempo, ainda sim são agraciados na mesma intensidade, ou seja, desfrutam igualmente dos benefícios da plenitude do espírito como os primeiros que atingiram o grau de adiantamento superior.
Isso quer dizer, que o trabalhador da última hora é tão merecedor quanto aqueles que o antecederam .
Desde que ele, na verdade, realize todas as tarefas que lhe cabem com muita dedicação e sacrifício.
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Parábola da Vinha: Trabalhadores da última hora
A Parábola dos Trabalhadores da Vinha é uma parábola de Jesus que está apresentada em Mateus 20:1-16.
Vejamos a seguir alguns aspectos a respeito dela:
A Parábola da Vinha e sua aplicação
Na Bíblia Sagrada, a Parábola dos Trabalhadores da Vinha é contada no capítulo seguinte da parábola do Jovem Rico (Mateus 19:16), em que um jovem abastado questiona Jesus sobre o que é preciso fazer para conquistar a vida eterna.
Portanto, a história segue o mesmo contexto e provoca a reflexão sobre a importância da prática do bem e da caridade para a evolução espiritual sem perdermos tempo com o apego às riquezas materiais.
Parábola dos trabalhadores da vinha: estudo
Para entender a Parábola dos Trabalhadores da Vinha sob a ótica espírita, é importante estabelecer um roteiro de estudos, considerando a interpretação por trechos.
Acompanhe abaixo:
- O Reino dos Céus é semelhante a um pai de família que saiu de madrugada, a fim de assalariar trabalhadores para a sua vinha. Tendo convencionado com os trabalhadores que pagaria um denário a cada um por dia, mandou-os para a vinha.
O Reino dos Céus é, na verdade, o estado de perfeição. O pai de família é Deus, os trabalhadores representam a humanidade, enquanto a vinha é a Terra. O trabalho, por sua vez, representa tudo aquilo que enobrece nosso espírito. Para alcançar essas virtudes, uns precisam de mais tempo, outros de menos. Entretanto, no fim, todos recebem o mesmo benefício ou prêmio: a plenitude espiritual.
Material de apoio/referência: CALLIGARIS, Rodolfo. Parábolas evangélicas. Item: Parábola dos trabalhadores e das diversas horas do dia.
- Saiu de novo à terceira hora do dia e, vendo outros que se conservavam na praça sem fazer coisa alguma, disse-lhes: “Ide também vós outros para a minha vinha e vos pagarei o que for razoável.” Eles foram. Saiu novamente à hora sexta e à hora nona do dia e fez o mesmo. Saindo mais uma vez à hora undécima, encontrou ainda outros que estavam desocupados, aos quais disse: “Por que permaneceis aí o dia inteiro sem trabalhar?” — “É”, disseram eles, “que ninguém nos assalariou.” — Ele então lhes disse: “Ide vós também para a minha vinha.” Ao cair da tarde disse o dono da vinha àquele que cuidava dos seus negócios: “Chama os trabalhadores e paga-lhes, começando pelos últimos e indo até aos primeiros.”
Embora as horas tenham relação com os períodos do dia, Jesus se referia aos momentos da convocação de Deus. Alguns começam cedo a direcionar seus espíritos para o caminho do bem, enquanto outros demoram um pouco mais para despertar. Contudo, não importa a hora, desde que se dediquem ao trabalho de iluminação e se regenerem.
Material de apoio/referência: RIGONATTI, Eliseu. O Evangelho dos humildes. Cap. 20.
- Aproximando-se então os que só à undécima hora haviam chegado, receberam um denário cada um. Vindo a seu turno os que tinham sido encontrados em primeiro lugar, julgaram que iam receber mais; porém, receberam apenas um denário cada um. Recebendo-o, queixaram-se ao pai de família, dizendo: “Estes últimos trabalharam apenas uma hora e lhes dás tanto quanto a nós que suportamos o peso do dia e do calor.” Mas, respondendo, disse o dono da vinha a um deles: “Meu amigo, não te causo dano algum; não convencionaste comigo receber um denário pelo teu dia? Toma o que te pertence e vai-te; apraz-me a mim dar a este último tanto quanto a ti. Não me é então lícito fazer o que quero? Tens mau olho, porque sou bom?”
Tanto os que trabalharam desde o começo do turno até aqueles que vieram na última hora receberam o mesmo salário. Isto é, para Deus, não importa a quantidade do trabalho, mas, sim, a qualidade. Aqueles que se regeneram e buscam adquirir virtudes merecem o Reino dos Céus igualmente.
Material de apoio/referência: SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e ensinos de Jesus. Item: Parábola dos trabalhadores da vinha.
- Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos.
Os escolhidos serão os primeiros a entrar no Reino dos Céus porque suportaram todas as provações, mantendo-se dispostos diante das lutas e aproveitaram as oportunidades que lhes foram dadas. Eles são os trabalhadores da última hora.
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Trabalhadores da última hora e a missão dos espíritas
No livro O Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo sobre os trabalhadores da última hora, Allan Kardec dedica um tópico (item 4) para tratar da missão dos espíritas.
Os espíritas compreendem o amor de Deus como um impulso para a evolução , e sabem que o espírito se eleva quando se esforça para para viver sua vida baseada nos ensinamentos de Jesus.
Por isso, no mesmo trecho do livro, na pergunta sobre como reconhecer um bom espírita (ver também o Capítulo XVII, item 4), a resposta dada é:
“Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê-los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de sua lei; os que seguem sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição. – Erasto, anjo da guarda do médium. (Paris, 1863.)”
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Os obreiros do Senhor, segundo a doutrina espírita
Os obreiros do Senhor (Cap. XX, item 5), no Evangelho Segundo o Espiritismo, é outro item de destaque.
A expressão, cunhada pelo Espírito da Verdade, refere-se aos trabalhadores da seara de Jesus.
Ou seja, são espíritos colaboradores na transição do planeta Terra para um mundo de regeneração.
“Aproxima-se o tempo em que se cumprirão as coisas anunciadas para a transformação da Humanidade. Ditosos serão os que houverem trabalhado no campo do Senhor, com desinteresse e sem outro móvel, senão a caridade! Seus dias de trabalho serão pagos pelo cêntuplo do que tiverem esperado.”
“Os últimos serão os primeiros”
Esta frase, proferida por Jesus ao final da Parábola dos Trabalhadores da Vinha, é semelhante à mensagem do Espírito da Verdade sobre os obreiros do Senhor:
“Deus procede, neste momento, ao censo dos seus servidores fiéis e já marcou com o dedo aqueles cujo devotamento é apenas aparente, a fim de que não usurpem o salário dos servidores animosos, pois aos que não recuarem diante de suas tarefas é que Ele vai confiar os postos mais difíceis na grande obra da regeneração pelo Espiritismo. Cumprir-se-ão estas palavras: “Os primeiros serão os últimos e os últimos serão os primeiros no Reino dos Céus.” – O Espírito de Verdade. (Paris, 1862.)”
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O que significa a terceira hora do dia?
Entre os povos da antiguidade, o sistema de contagem das horas era diferente do que conhecemos atualmente.
É importante saber que a medição do tempo não era tão precisa naquela época.
As horas eram marcadas a partir do nascer do sol, em torno das seis horas da manhã, e se encerravam com o pôr do sol, por volta das seis horas da tarde.
Dessa forma, o dia tinha 12 horas.
Vigílias
A noite, por sua vez, era dividida em três partes, chamadas de vigílias:
- primeira vigília (das 18h às 22h);
- segunda vigília (das 22h às 2h);
- e terceira vigília (das 2h às 6h).
A terceira hora do dia, portanto, representava o período próximo às nove horas da manhã.
Na parábola, Jesus também se refere à sexta, nona e décima primeira horas do dia.
Ou seja, aproximadamente meio-dia, três horas da tarde e cinco horas da tarde, respectivamente.
Vale salientar, no entanto, que as horas referidas na parábola devem ser interpretadas como os convites feitos às diferentes categorias de servidores ao longo dos tempos.
O Espírito Emmanuel, no livro Pão Nosso (Cap. 29), psicografado por Francisco Cândido Xavier asseverou que:
“Todos os filhos da razão, corporificados na crosta da Terra, trazem consigo a tarefa de contribuir para que se efetue um padrão de vida mais elevado no recanto em que agem transitoriamente. Onde quer que estejas, recorda que te encontras na Vinha do Cristo”.
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Como ser considerado um trabalhador de última hora? Atitudes e comportamentos
Como disse o Espírito da Verdade, o trabalhador de última hora realiza o seu trabalho movido pela caridade.
Diante disso, ele possui algumas condições:
- Constância: assume o compromisso das suas tarefas e não desiste mesmo diante das aflições.
- Desinteresse: não trabalha esperando pelo salário ou qualquer outro benefício pessoal.
- Boa vontade: é devotado e grato pela missão que lhe foi confiada.
- Esforço: dedica-se integralmente ao trabalho, unindo forças aos demais trabalhadores.
Conclusão
Interpretando a Parábola dos Trabalhadores da Última Hora, o trabalhador de última hora é o obreiro do Senhor, aquele que aceita a sua missão e cumpre seus deveres para que a Terra alcance o patamar de mundo de regeneração, sempre seguindo sua jornada baseando-se na caridade.
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